Nos últimos dias, o mercado de commodities tem enfrentado uma turbulência significativa, refletindo temores crescentes de uma recessão global iminente. Investidores, movidos pelo desespero, estão liquidando ativos tradicionalmente considerados seguros — como o ouro — para cobrir chamadas de margem em outras posições. Esse comportamento, que normalmente só ocorre em momentos de estresse extremo, revela a gravidade da situação atual nos mercados financeiros.
Desempenho recente das principais commodities
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Cobre: queda de aproximadamente 16%, marcando a pior semana desde 2011.
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Prata: desvalorização de cerca de 12%.
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Ouro: recuo de 4,5% após cravar novas máximas históricas.
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Alumínio: queda de 6,5%.
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Petróleo WTI: redução de 15%.
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Petróleo Brent: queda de 14%, retornando a níveis observados em 2021.
A queda acentuada nos preços do petróleo é particularmente notável. O Brent caiu para menos de US$ 70 por barril, enquanto o WTI recuou para cerca de US$ 66 — ambos nos patamares mais baixos desde 2021.
O que está por trás dessa onda de desvalorização?
1. Aumento das tarifas comerciais:
Recentes medidas protecionistas dos Estados Unidos sobre importações de grandes parceiros, como China, Vietnã e União Europeia, reacenderam os temores de uma guerra comercial. Esse ambiente desfavorável reduz a confiança dos investidores e derruba as expectativas de crescimento, prejudicando diretamente a demanda por matérias-primas.
2. Surpresa na produção da OPEP+:
Contrariando as expectativas do mercado, oito países da OPEP+ — incluindo Arábia Saudita e Rússia — decidiram aumentar a produção de petróleo em 411 mil barris por dia. O movimento adiciona ainda mais pressão sobre os preços, justamente em um momento de desaquecimento da demanda global.
3. Temores de recessão global:
Bancos de investimento revisaram para cima as chances de uma recessão nos próximos meses, citando o impacto direto das tensões comerciais, da inflação persistente e das decisões políticas desalinhadas com a estabilidade econômica. O clima é de cautela máxima.
Impactos no setor energético brasileiro
A volatilidade não poupou o setor de energia no Brasil. A Brava Energia (BRAV3) liderou as perdas, com queda de 13,58%. Outras empresas também sentiram o baque: Prio (PRIO3) caiu 9,39%, enquanto PetroReconcavo (RECV3) desvalorizou 6,75%.
Diante desse cenário, o mercado começou a rever suas recomendações: a Prio foi rebaixada para “neutra”, e a Brava recebeu sinal de “venda”. A Petrobras, por outro lado, manteve o status de “compra”, sugerindo uma percepção de maior resiliência diante das adversidades.