O retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos reacende antigas tensões comerciais. Neste domingo (9/2), a bordo do avião presidencial Air Force One, o líder americano anunciou sua intenção de impor uma tarifa de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio. Se concretizada, essa medida afetará diretamente o Brasil, um dos principais fornecedores desses insumos para o mercado americano.
“Qualquer aço que entrar nos Estados Unidos terá uma tarifa de 25%”, declarou Trump aos jornalistas. Embora não tenha mencionado países específicos, o Brasil está entre os que mais podem sentir o impacto. Em 2024, o ferro e o aço representaram 14% das exportações brasileiras para os EUA, sendo o segundo setor mais relevante na balança comercial entre os dois países, atrás apenas do petróleo. A indústria aeronáutica, com destaque para a Embraer, também pode ser prejudicada, já que suas exportações para os Estados Unidos somaram 6,7% do total no último ano.
Como o Brasil Deve Reagir?
Até o momento, o governo brasileiro não se manifestou oficialmente sobre a decisão de Trump. No entanto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia antecipado que, caso medidas protecionistas fossem impostas, o Brasil responderia na mesma moeda.
“Se ele taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade do Brasil em taxar os produtos exportados para os Estados Unidos. Simples”, afirmou Lula no início de fevereiro.
Essa estratégia não seria inédita. Durante o primeiro mandato de Trump, tarifas semelhantes foram aplicadas: 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio. Na época, o Brasil conseguiu negociar isenções ao lado de Canadá e México, obtendo cotas livres de tarifas. Desta vez, porém, as condições podem ser diferentes.
O Efeito Cascata das Tarifas
Essa nova política não se limita ao setor siderúrgico. Trump tem defendido a adoção de tarifas recíprocas, alegando que os Estados Unidos apenas igualariam as taxas cobradas por outros países.
“Se eles cobram de nós, nós também cobraremos deles”, afirmou o presidente, reforçando sua postura protecionista.
A decisão já impacta outras economias. Canadá e México conseguiram evitar tarifas semelhantes após negociações diretas com Trump, aceitando oferecer contrapartidas na área de segurança. O Canadá se comprometeu a investir mais de US$ 1 bilhão no combate ao tráfico de drogas, enquanto o México reforçou sua fronteira com 10 mil soldados da Guarda Nacional.
Já com a China, não houve negociação. Em resposta ao aumento das tarifas americanas sobre produtos chineses, Pequim impôs impostos de até 15% sobre carvão, gás natural liquefeito e petróleo bruto dos EUA. Além disso, restringiu a exportação de metais raros essenciais para eletrônicos e equipamentos militares, ampliando ainda mais a disputa comercial entre as duas potências.
O Que Esperar Agora?
A guerra comercial desencadeada por Trump pode ter impactos duradouros para o Brasil e outros parceiros comerciais dos EUA. Caso as tarifas entrem em vigor, o governo brasileiro terá duas opções: negociar uma nova isenção, como fez no passado, ou retaliar, como sinalizou Lula.
O desenrolar dessa disputa pode remodelar alianças comerciais e afetar setores estratégicos da economia brasileira. A indústria siderúrgica e o setor aeronáutico, dois pilares das exportações nacionais, estão no centro dessa turbulência.
Os próximos dias serão decisivos para entender o rumo das negociações e o impacto real dessa nova política protecionista.