Morgan Housel, autor de A Psicologia Financeira e referência mundial em comportamento financeiro, encerrou a Expert XP 2025 com uma palestra que foi menos sobre fórmulas e mais sobre mentalidade. Com seu estilo direto e provocador, reforçou que sucesso nos investimentos não está ligado a genialidade, mas à forma como lidamos com o dinheiro e com a incerteza do mundo.
“Eu poupo como um pessimista e invisto como um otimista”, disse Housel. Ele explicou que a poupança deve ser vista como proteção contra imprevistos, enquanto os investimentos exigem confiança no futuro. “Poupo pensando que coisas ruins vão acontecer, mas invisto acreditando que, se eu suportar esses desafios, os retornos serão extraordinários.”
Segundo ele, muitos investidores subestimam o ato de poupar, considerando-o simples demais, quando na verdade é a base para atravessar períodos de crise. “Vivemos em um mundo em que os maiores riscos são aqueles que ninguém vê chegando. Se fosse tudo previsível, quase não precisaríamos poupar”, afirmou.
Longo prazo exige sobreviver ao curto prazo
Housel destacou que ser investidor de longo prazo significa, acima de tudo, suportar a volatilidade no curto prazo. Ele lembrou que, na pandemia de 2020, muitos investidores que se diziam preparados para 20 anos entraram em pânico diante de perdas bruscas.
“A chave é a consistência. Se você for apenas mediano por muito tempo, vai se sair extraordinariamente bem. Mas todos estão preocupados em ser incríveis agora, quando o mais importante é ser razoável por décadas”, explicou.
A pressa como inimiga
O autor também alertou sobre os riscos do endividamento e da busca por atalhos. Ele relembrou o caso de Rick Guerin, antigo sócio de Warren Buffett e Charlie Munger, que perdeu tudo por operar alavancado. “Buffett dizia: ‘Sabíamos que ficaríamos ricos, mas não tínhamos pressa’. Guerin era tão inteligente quanto eles, mas queria acelerar — e isso o derrubou.”
O efeito tóxico do noticiário
Outro ponto levantado foi o impacto da mídia na percepção de risco. Para Housel, o pessimismo vende mais do que o otimismo. “As más notícias são rápidas e dramáticas, as boas acontecem devagar. Você acha que o mundo está acabando até abrir a janela e perceber que lá fora está tudo bem.”
Dinheiro não compra felicidade
Encerrando a palestra, Housel questionou a ideia de que grandes fortunas significam vidas mais felizes. Ele citou nomes como Elon Musk, Bill Gates, Mark Zuckerberg e o próprio Warren Buffett como pessoas brilhantes que pagaram um preço alto pela riqueza. “Sou grato por eles existirem, mas não trocaria a minha vida pela deles”, concluiu.