Nesta quarta-feira, 18 de outubro, o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, deve realizar o primeiro corte de juros desde a pandemia de Covid-19. A taxa atual, que está entre 5% e 5,25%, tem sido mantida nesse nível por mais de um ano. Entre 2022 e 2023, o Fed conduziu o ciclo mais agressivo de aumento de juros da história recente dos EUA, elevando as taxas a partir de níveis próximos de zero.

Em março de 2020, devido à pandemia, o Fed reduziu drasticamente os juros, que caíram de 1,50%-1,75% para 0,25%-0%. Desde então, a taxa de empréstimo nos EUA subiu para o maior nível desde 2001. Mas por que a direção dos juros americanos é tão importante?

Impacto no Mercado Financeiro:

Para o mercado financeiro, a explicação é simples. “Os títulos públicos dos EUA são considerados os ativos de menor risco. Se eles pagam mais de 5% ao ano, qualquer investimento mais arriscado precisa render mais”, explica Jansen Costa, da Fatorial Investimentos.

Quando os juros nos EUA estão altos, moedas de países emergentes, como o real, perdem valor. Além disso, ações e outros investimentos mais arriscados enfrentam dificuldade para competir com os rendimentos seguros dos títulos americanos.

Por outro lado, cortes nos juros tornam os ativos de risco ao redor do mundo mais atraentes. “Com a queda da taxa americana, os investidores buscam opções mais lucrativas em outros mercados, como o Brasil”, comenta Bruna Pacheco, da GT Capital.

Em resumo, o rumo dos juros americanos afeta a liquidez global. “A política monetária dos EUA é fundamental para definir o fluxo de dinheiro nos mercados internacionais”, aponta Alexandre Mathias, da Monte Bravo.

E O Que Isso Tem a Ver Com Você?

A famosa frase de Delfim Netto, “a parte mais sensível do ser humano é o bolso”, ajuda a explicar por que o corte de juros nos EUA pode impactar sua vida.

Diferente do corte emergencial de 2020, provocado pela pandemia, o cenário atual reflete uma acomodação econômica. Isso pode atrair mais investimentos estrangeiros para países como o Brasil, reduzir o custo do crédito e estimular o crescimento econômico.

Segundo Guilherme Sousa, da Ativa Investimentos, “quando o Fed começa a cortar os juros, muitos investidores procuram ativos mais rentáveis em outros mercados, e é aí que o Brasil se beneficia”.

Para o bolso do brasileiro, a queda dos juros nos EUA tende a fortalecer o real frente ao dólar, o que reduz a pressão inflacionária. Produtos importados ficam mais baratos e viagens internacionais mais acessíveis. Ou seja, o recado do Fed é claro: prepare as malas!