O Morgan Stanley aumentou o otimismo em relação ao mercado brasileiro e projeta que o Ibovespa possa alcançar 200 mil pontos até o final de 2026, o que representaria uma valorização superior a 25% sobre o nível atual. A leitura do banco é que o país pode se tornar, já no próximo ano, um dos mercados globais com maior redução no custo de capital — fator que tende a favorecer a expansão dos múltiplos e a atrair fluxos para a Bolsa.

Segundo o relatório, o Brasil entra em 2026 com uma combinação rara na economia mundial: participação historicamente baixa dos investidores domésticos no mercado acionário, entre 15% e 20% das ações em circulação, e taxas de juros reais entre as mais altas do planeta. Para os estrategistas, qualquer sinal de mudança na política monetária após as eleições do ano que vem pode antecipar um movimento de reprecificação.

O banco destaca que um ciclo de investimento mais forte elevaria o potencial de crescimento do país. Isso permitiria uma economia menos inflacionária, juros mais baixos e espaço para múltiplos mais elevados. Para os analistas, “o segredo do sucesso está à vista”: um país com baixíssimo nível de investimento em relação ao PIB, juros reais elevados e investidores domésticos subalocados em ações possui condições para uma virada estrutural caso o custo de capital recue.

O relatório também observa que 2026 será um ano de transição na América Latina. Argentina já iniciou seu ciclo eleitoral, Chile e Colômbia virão na sequência e o Brasil fechará o calendário em outubro. Em outros países da região, mudanças antecipadas na política monetária geraram reações positivas dos mercados, e os estrategistas veem espaço para que algo semelhante ocorra no Brasil — desde que a política fiscal se mantenha ancorada.

No cenário pessimista, o banco aponta a possibilidade de juros elevados por mais tempo em função de estímulos fiscais, além de incertezas políticas que impeçam a queda do prêmio de risco. Esse ambiente poderia resultar em compressão de múltiplos e desaceleração dos lucros, com o Ibovespa potencialmente recuando para a faixa dos 95 mil pontos.

As projeções do Morgan partem de três cenários: um cenário base em torno de 200 mil pontos, um cenário otimista que chega a 240 mil pontos e um cenário negativo que aponta para 95 mil pontos. Em todos eles, a conclusão é a mesma — o comportamento do custo de capital brasileiro será o fator decisivo.

Para o banco, o mercado local está subalocado como poucas vezes esteve. Com taxas reais altas e uma economia dependente das decisões de política monetária, qualquer redução mais consistente dos juros pode liberar entre 6 e 8 bilhões de dólares em realocação de investidores domésticos para ações ao longo de 2026. Em um país onde o mercado de capitais representa cerca de 1,6 trilhão de dólares, esse movimento teria impacto imediato.