A Nvidia entregou números de peso no seu segundo trimestre fiscal: lucro líquido de US$ 26,4 bilhões, alta de 59% em relação ao ano anterior, e receita de US$ 46,7 bilhões, avanço de 56% no mesmo comparativo. O lucro por ação ajustado ficou em US$ 1,05, superando ligeiramente as projeções de analistas.

Mas o mercado não se empolgou. Após o fechamento do pregão em Nova York, as ações da gigante dos chips caíram até 3% no after-market, movimento que também respingou nos BDRs negociados no Brasil, em baixa de 2,38%.

O ponto de tensão: data centers

Apesar da expansão robusta puxada pela demanda global por inteligência artificial, o mercado esperava mais do braço de data centers, principal motor de crescimento da Nvidia. A receita desse segmento subiu 56%, para US$ 41,1 bilhões — um salto impressionante, mas que veio exatamente em linha com o consenso de analistas, sem a surpresa positiva que Wall Street costuma precificar.

Além disso, a exclusão do faturamento na China dos cálculos de receita adicionou cautela. As tensões comerciais entre Washington e Pequim colocam em xeque parte relevante do negócio, uma vez que o uso de chips americanos pode enfrentar barreiras crescentes no país asiático.

Expectativas altas demais?

Para muitos gestores, o resultado da Nvidia não foi ruim, mas ficou aquém do patamar quase “perfeito” que o mercado passou a exigir. As ações da empresa, que já superam US$ 4,4 trilhões em valor de mercado, embutem uma expectativa gigantesca de crescimento contínuo com IA — qualquer sinal de desaceleração pesa.

Movimento corporativo

No semestre fiscal, a companhia devolveu US$ 24,3 bilhões a acionistas por meio de dividendos e recompra de ações, e aprovou recentemente mais US$ 60 bilhões para recompras. Apesar do esforço em reforçar a atratividade para investidores, a pressão sobre a receita de data centers e a leitura de que a empresa pode enfrentar obstáculos em mercados estratégicos geraram desconforto.

Olhando adiante

O CEO Jensen Huang reforçou que a nova plataforma Blackwell Ultra é um divisor de águas para IA, e que a demanda global está “extraordinária”. Ainda assim, o mercado se mostra dividido: a Nvidia está entregando resultados sólidos, mas talvez não na velocidade que suas próprias cotações já precificam.