O IPCA-15 registrou deflação de 0,14% em agosto, resultado puxado pela queda nos preços de energia elétrica, devido ao Bônus de Itaipu, e pelo recuo dos alimentos. A taxa em 12 meses desacelerou para 4,95%, rompendo a marca de 5% pela primeira vez desde o início do ano. Apesar disso, o dado veio menos intenso que o esperado — a mediana das projeções apontava para queda de 0,19% no mês.
O que pesou no índice
O resultado negativo foi o mais forte desde setembro de 2022 e só o segundo em mais de dois anos.
Alimentação no domicílio: deflação de 0,92% no mês, mas ainda acumulando alta de 7,25% em 12 meses.
Bens industriais: estabilidade em agosto, com ganho anual de 3,39%, mas desaceleração mais visível no trimestre, em 1,99% na média anualizada.
Serviços: subiram 0,50% no mês e continuam sendo o ponto de maior pressão, acumulando 6,62% em 12 meses. Passagens aéreas e energia elétrica caíram menos do que se projetava, enquanto itens como cinema e seguros tiveram alta.
Leitura dos economistas
Especialistas destacam que o número, apesar de mostrar deflação, reforça deterioração nos núcleos de inflação, principalmente em serviços, muito influenciados pelo mercado de trabalho aquecido e pelo baixo desemprego. Essa combinação dificulta a convergência para a meta de inflação e reforça a necessidade de manutenção da Selic em 15% ao ano até, pelo menos, o fim de 2025.
Perspectivas
O consenso é de que o IPCA encerre 2025 em torno de 5%, ainda acima do centro da meta de 3%.
Para 2026, a expectativa segue em 4,5%, exatamente o teto do intervalo de tolerância.
A inflação corrente deve continuar mostrando alívio em alimentos e bens industriais, mas com serviços pressionados, o que exige cautela na condução da política monetária.