O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reuniu-se neste domingo (8) com lideranças do Congresso para redesenhar a estratégia de aumento da arrecadação, após a forte reação contrária ao recente decreto que ampliava o IOF sobre operações financeiras.

Durante o encontro, que durou cinco horas na residência oficial da Câmara, Haddad propôs uma Medida Provisória (MP) que deve recalibrar a proposta original e evitar os maiores desgastes políticos e econômicos.

Entre os ajustes está o aumento da taxação sobre o faturamento das apostas online, que deve subir de 12% para 18%, e a tributação parcial de títulos hoje isentos, como LCIs e LCAs, que passarão a ter alíquota de 5%.

O ministro afirmou que os detalhes serão anunciados nesta segunda-feira (9), mas reforçou que a nova MP tem o objetivo de “corrigir distorções” no sistema tributário e de crédito, sem os efeitos colaterais provocados pela proposta anterior.

“Será uma medida que ajusta a cobrança de impostos sobre títulos e corrige distorções. Vamos explicar também o funcionamento e a regulamentação do mercado de apostas”, disse Haddad.

IOF perde força, mas arrecadação se mantém

O novo desenho reduz a força do IOF como principal motor arrecadatório. A estimativa inicial de arrecadação com o decreto girava em torno de R$ 20 bilhões em 2025, mas, com a revogação de parte da medida, esse número caiu R$ 1,4 bilhão.

Ainda assim, a equipe econômica busca compensar esse recuo com novas fontes, e Haddad sinalizou que as medidas manterão o equilíbrio fiscal sem gerar ruídos adicionais com o mercado ou o Legislativo.

O presidente da Câmara, Hugo Motta, elogiou a iniciativa. Para ele, a MP representa um “modelo menos danoso”, capaz de atender às demandas de ajuste fiscal sem penalizar o investidor comum.

“É uma calibragem importante. O governo recuou e trouxe alternativas que terão impacto menor na economia e mais consenso político”, afirmou Motta.

Como isso afeta seus investimentos?

A discussão envolve diretamente produtos que hoje compõem carteiras de renda fixa isentas, como LCIs e LCAs — instrumentos bastante usados por investidores conservadores.

Embora a alíquota de 5% ainda seja inferior ao IR comum, a mudança exige atenção. A rentabilidade líquida desses papéis tende a cair, especialmente quando comparada a CDBs e Tesouro Direto em cenários de juros elevados.

Já a tributação de apostas online, embora mais distante do investidor tradicional, sinaliza o avanço do governo sobre setores não regulados como estratégia de compensação fiscal — um movimento que pode abrir precedentes para outros segmentos.