Desde que foi comprada pela Liberty Media em 2017, a Fórmula 1 passou por uma reinvenção global. A categoria não é mais apenas um esporte de elite europeia — tornou-se um dos produtos de entretenimento mais lucrativos e estrategicamente distribuídos do planeta. Em 2024, os números confirmaram essa curva ascendente: a F1 registrou uma receita recorde de US$ 3,65 bilhões, um crescimento de 13,4% em relação ao ano anterior.
Grande parte desse resultado veio da expansão de GPs em mercados estratégicos (como Las Vegas), do fortalecimento dos contratos de transmissão (US$ 1,2 bilhão) e do apelo crescente entre patrocinadores (US$ 679 milhões), atraídos pelo novo público jovem trazido, entre outros fatores, por séries como Drive to Survive.
Mas a euforia financeira já começa a ser posta à prova.
Um início de ano preocupante
No primeiro trimestre de 2025, a Liberty Media reportou uma queda de 27% nas receitas da F1, totalizando US$ 403 milhões. A justificativa oficial foi a mudança no calendário: apenas duas corridas foram realizadas nesse período (China e Austrália), contra três em 2024. O desempenho abaixo do esperado do GP de Las Vegas, realizado no fim do ano passado, também gerou frustração interna e pressionou projeções.
Além disso, os custos de operação cresceram, o que acendeu um alerta sobre o equilíbrio entre expansão e rentabilidade.
Equipes e pilotos: a elite segue bilionária
Enquanto os números da categoria oscilaram, os valores distribuídos às equipes continuaram superlativos. Com base nos resultados do campeonato de 2023, a F1 distribuiu US$ 1,077 bilhão em prêmios em 2024. A Ferrari liderou, embolsando US$ 222,6 milhões, impulsionada por bônus de legado e participação histórica. Mercedes (US$ 188,6 milhões) e Red Bull (US$ 182,4 milhões) completaram o pódio financeiro.
Nos cockpits, a tendência é similar. Max Verstappen lidera a folha salarial da temporada 2025 com ganhos estimados em US$ 65 milhões, seguido por Lewis Hamilton, agora na Ferrari, com US$ 60 milhões. Gabriel Bortoleto, estreante e aposta brasileira, figura entre os mais bem pagos novatos, com US$ 2 milhões.
O desafio de manter o ritmo
A expectativa para 2025 é ambiciosa. O calendário terá até 24 corridas, um recorde histórico. O GP de Miami já renovou contrato até 2041, e o ecossistema de marketing da categoria envolve marcas como LVMH, Apple, e até um longa-metragem com Brad Pitt. A F1 quer continuar crescendo — especialmente nos EUA e na Ásia.
Mas nem tudo são flores. O custo para promotores sediar corridas é cada vez maior, e a proliferação de GPs urbanos levanta dúvidas sobre saturação. Há um limite para quanto o espetáculo pode crescer sem esbarrar na exaustão do público e das próprias equipes.
Um produto no limite entre luxo e lucidez
A Fórmula 1 está entre os produtos de entretenimento mais bem-sucedidos do mundo — e também um dos mais caros. A Liberty Media mira alto para 2025, mas os primeiros números do ano revelam que o caminho até lá exigirá mais do que velocidade.