Acordo busca reduzir dependência da China e fortalecer cadeias globais de minerais críticos

Os Estados Unidos e o Japão estão prestes a formalizar um acordo conjunto para assegurar o fornecimento de terras raras e outros minerais estratégicos. O documento, que deve ser assinado nos próximos dias, tem como foco fortalecer as cadeias de suprimentos e proteger a segurança econômica das duas maiores economias do bloco ocidental.

A iniciativa surge após a China anunciar, em outubro, o endurecimento dos controles de exportação desses minerais — insumos essenciais para a fabricação de semicondutores, baterias, turbinas e armamentos avançados. O movimento acendeu alertas em Washington e Tóquio sobre o risco de concentração de poder industrial nas mãos de Pequim.

Resposta à dominância chinesa

Atualmente, a China controla cerca de 70% da produção mundial de terras raras. Diante desse domínio, a Casa Branca chegou a avaliar a imposição de tarifas adicionais de até 100% sobre as exportações chinesas. No entanto, o gesto foi temporariamente suspenso após o início de um diálogo comercial que poderá incluir compromissos de ambas as partes para evitar restrições unilaterais.

O presidente americano Donald Trump e a primeira-ministra japonesa Sanae Takaichi devem assinar o documento à margem da cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), marcada para esta quinta-feira (30), na Coreia do Sul.

Corrida por autonomia estratégica

O acordo faz parte de um movimento mais amplo liderado por Washington e seus aliados para reconstruir cadeias produtivas críticas fora da esfera de influência chinesa. Estados Unidos, Japão, Austrália e União Europeia já anunciaram projetos bilaterais e fundos de investimento para exploração e processamento de minerais em países parceiros, como Indonésia, Brasil e Canadá.

A medida também reflete a nova agenda de segurança econômica das potências ocidentais — que passaram a tratar o acesso a matérias-primas tecnológicas como questão de soberania nacional.

Analistas avaliam que o pacto pode acelerar investimentos em mineração e refino fora da China, especialmente em países emergentes com potencial geológico e estabilidade institucional.