A Nvidia alcançou um marco histórico ao se tornar a primeira empresa listada na Nasdaq a ultrapassar a marca de US$ 4 trilhões em valor de mercado, superando gigantes como Apple e Microsoft. O feito coroa uma trajetória que teve início no segmento de games, passou por data centers e, mais recentemente, encontrou tração com a inteligência artificial generativa — tecnologia que redesenha o presente e o futuro de diversos setores da economia.

Fundada em 1993 pelo engenheiro taiwanês-americano Jensen Huang, a Nvidia nasceu com a proposta de desenvolver placas gráficas para jogos. Três décadas depois, suas unidades de processamento gráfico (GPUs) tornaram-se o motor computacional por trás da nova revolução tecnológica.

Do entretenimento à infraestrutura crítica
No início dos anos 2000, a empresa começou a explorar aplicações para além dos games, investindo no desenvolvimento de softwares que permitissem o uso de seus chips em diferentes tarefas computacionais. Essa expansão levou a Nvidia aos grandes centros de processamento de dados — os data centers —, além de posicioná-la em frentes como mineração de criptomoedas, computação científica e, principalmente, inteligência artificial.

Nos últimos anos, com o avanço exponencial de modelos de linguagem, visão computacional e aprendizado de máquina, a demanda por GPUs disparou. Companhias como Meta, OpenAI e Google se tornaram clientes recorrentes em busca de maior capacidade computacional. A geração de chips Hopper (H100), lançada em 2022, vendeu milhões de unidades em 2023. Já a arquitetura mais recente, batizada de Blackwell, reúne 208 bilhões de transistores em um único chip — um marco técnico que destaca a sofisticação do portfólio da empresa.

Crescimento exponencial e desafios geopolíticos
O salto da Nvidia também é mensurado em sua receita: de US$ 7,2 bilhões no trimestre de maio de 2022 para US$ 44,1 bilhões no mesmo período deste ano — com margem bruta superior a 70%. Hoje, a companhia vale mais do que as 214 menores empresas do S&P 500 somadas, segundo dados da Dow Jones Market Data.

Apesar do desempenho excepcional, a empresa enfrentou turbulências. Governos dos Estados Unidos, tanto sob Joe Biden quanto sob Donald Trump, impuseram restrições à venda de chips avançados para a China, tratando-os como ativos de segurança nacional. Chips como H800 e H20 foram alvo dessas medidas, impactando diretamente o market share da empresa no país asiático.

Velocidade e visão estratégica
Historicamente, a Nvidia mantinha um ciclo de desenvolvimento de chips a cada dois ou quatro anos. Esse ritmo foi drasticamente acelerado: a meta agora é lançar uma nova geração a cada 12 meses. Em um setor em que poder computacional se converte diretamente em vantagem competitiva, a velocidade tornou-se imperativo.

Huang, CEO da Nvidia, passou de engenheiro visionário a figura icônica do Vale do Silício. Comparado por muitos a Steve Jobs, é frequentemente visto com suas tradicionais jaquetas de couro, e hoje simboliza a interseção entre hardware de ponta e transformação digital.

O futuro em construção
Ao alcançar o marco de US$ 4 trilhões, a Nvidia não apenas solidifica sua liderança no mercado de semicondutores e IA, como também redefine o patamar de escala possível para uma empresa de tecnologia. Sua trajetória é um estudo sobre adaptação, visão de longo prazo e execução — e, acima de tudo, sobre como chips que nasceram para entretenimento se tornaram ativos centrais no novo tabuleiro geopolítico e digital global.