A taxa Selic voltou aos holofotes, alcançando os 14,25% ao ano após cinco altas consecutivas. Essa movimentação do Banco Central afeta praticamente todos os aspectos da economia — especialmente os investimentos. Mas o que significa, na prática, ter uma taxa básica tão elevada? E como isso deve influenciar suas decisões financeiras?

Neste post, vamos direto ao ponto: o que muda com a Selic em dois dígitos e como você pode usar esse cenário a seu favor.

Renda fixa: a estrela do momento

Com a Selic em alta, os investimentos mais conservadores ganham destaque. A reserva de emergência, por exemplo, volta a render bem — e o Tesouro Selic continua sendo o melhor destino para esse tipo de recurso. Seguro, com liquidez e protegido das oscilações do mercado, ele entrega o que se espera: estabilidade com retorno.

Mais vantajoso ainda pode ser investir por meio de fundos Selic com taxa zero, disponíveis em diversas corretoras. Eles não cobram a taxa de custódia da B3, o que, especialmente para valores maiores, melhora a rentabilidade líquida no curto prazo.

Mas atenção: não caia na tentação de colocar sua reserva em CDBs com maior rendimento, que normalmente envolvem bancos médios com risco maior. Em uma emergência, liquidez e segurança são mais importantes do que 0,2% a mais ao ano.

E quanto aos títulos prefixados ou atrelados à inflação?

Eles seguem no jogo, mas não são apostas óbvias. Com a alta dos juros, esses títulos sofrem no preço de mercado e exigem paciência: o ideal é mantê-los até o vencimento. Escolher quando entrar, qual vencimento escolher e qual indexador faz mais sentido exige análise e estratégia. São instrumentos úteis, mas não para qualquer perfil de investidor.

Risco também pode ser retorno

Mesmo com a Selic nas alturas, ativos de maior risco continuam oferecendo retornos competitivos. Ações, fundos imobiliários e fundos multimercados bem geridos têm superado a rentabilidade do CDI em diversos períodos. Para horizontes de longo prazo, diversificar parte da carteira em ativos mais voláteis pode ser uma decisão inteligente.

Além disso, com a Selic elevada, o dinheiro parado em caixa também rende mais, o que dá mais liberdade aos gestores profissionais para escolher com calma os melhores ativos. Muitos deles, inclusive, estão vendo boas oportunidades na Bolsa, considerando os preços atuais como descontados em relação ao valor real das empresas.

Diversificação segue sendo lei

É impossível prever qual será o melhor investimento dos próximos meses. Por isso, manter uma carteira diversificada continua sendo a melhor forma de equilibrar risco e retorno. Ter parte dos recursos atrelados à Selic faz sentido, mas o portfólio não deve se limitar a isso.

Inclusive, olhe para fora do Brasil: fundos globais, ETFs internacionais e multimercados com atuação no exterior ajudam a proteger seu patrimônio das incertezas locais e aproveitar oportunidades em outras economias — que também vivem ciclos de juros elevados.

A Selic alta tem suas causas — e seus efeitos

O aumento da Selic não acontece por acaso. O Banco Central sobe a taxa para tentar controlar a inflação, que tem pressionado o bolso dos brasileiros. Isso também sinaliza um aumento no risco percebido do país, já que quanto maior o risco, maior o juro exigido por quem empresta dinheiro ao governo.

E por fim, um lembrete importante: a poupança segue perdendo feio. Seu rendimento não acompanha a Selic, e manter grandes volumes por lá significa abrir mão de ganhos significativos — sem nenhuma contrapartida em segurança ou liquidez.